Acordei cedo, mas não tão cedo. Umas sete e meia. Tomei banho, me arrumei, tomei um café reforçado e fui escalar com um amigo. Estava com saudades dele e um pouco preocupada. Ele andava pelo Haiti nos últimos meses, em uma missão da ONU. Ele é do exército e, tirando esse momento, tem o emprego mais tranquilo da vida: é maratonista do exército. Então o trabalho dele é correr. Treinar e competir e só. Mas ele havia ido ao Haiti, na missão de paz da ONU. Havia se inscrito porque pagam bem a quem vai e, para quem é duro, é sempre uma oportunidade. Enquanto ele esteve lá, acompanhei as notícias sobre o país e sobre os nossos soldados. Em algum momento morreu um soldado brasileiro e eu fiquei com medo, porque essas coisas dão um certo medo mesmo. Mas no final foi de aneurisma cerebral, não foi tiro, não foi facada. Tayrone me contou que havia sido um colega dele. Mais ou menos foi apenas disso e da comida horrível que ele me falou. Ah! e das férias que passou na República Dominicana. Do trabalho mesmo não me falou nada, fugiu do assunto. Mas estava bem, feliz de estar de volta, de voltar a escalar. Logo que eu cheguei na Urca me propôs fazermos uma via fácil fácil fácil, para ele se testar, ver como ia sentir o corpo e a cabeça.
Foi bom ver os nossos medos, os meus, de que ele estivesse meio esquisito depois do Haiti, e os dele, de que tivesse perdido o jeito para escalar, eram totalmente infundados.
Tayrone era o mesmo cara tímido e ao mesmo tempo falastrão, parceiro de boa companhia e escalador veloz (ele praticamente corre na pedra) de sempre.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário